MadBizarrice: o mistério da explosão de Tunguska

 “O céu se partiu em dois. Uma bola de fogo penetrou na floresta. De onde o fogo se alastrava vinha um forte calor. Então o céu se fechou e um estampido surdo se espalhou, e eu fui arremessado a alguns metros de distância.” 

Depoimento de uma testemunha ocular a 65 km da explosão.

O ano era 1908. Numa fatídica manhã de 30 de julho S. B. Semionov, um fazendeiro da região, estava sentado em sua varanda. Seu vizinho, P. P. Kossalopov, estava arrumando uma janela. Ambos moravam a mais de 700km de distância do Lago Baikal, que fica próximo da zona de impacto que ocorreu no rio Podkamennaya Tunguska, na Sibéria. Semionov notou as árvores quebrando como gravetos. Olhou mais adiante e viu um raio e uma bola de fogo atravessando o céu.

Imagem meramente ilustrativa.


Foi então que percebeu que sentia uma intensa dor e viu que sua camisa estava pegando fogo. Kossalopov de repente sentiu as orelhas em brasa e parou imediatamente o que estava fazendo. Assustado, olhou para o telhado de sua casa à procura de fogo e depois perguntou para Semiónov:

-Cara, você viu alguma coisa acontecendo?

Apavorado Semiónov respondeu:

-E como não poderia ter visto?

Segundos depois ocorreu uma estrondosa explosão que derrubou Semiónov da varanda, deixando-o inconsciente por alguns segundos. Quando finalmente voltou a si, percebeu que o chão tremia com tamanha violência que as janelas estavam se quebrando e a porta do celeiro estava caindo. Kossalopov viu terra caindo do teto de sua casa. Estrondos pavorosos continuavam a se disseminar.

Uma tribo mongol nômade que criava renas, os Tungueses, relataram que muitos homens foram atirados ao ar pela explosão, suas tendas saíram voando com o vento e a floresta ardia em chamas ao seu redor. Quando foram verificar o que tinha acontecido, encontraram uma gigantesca parte da floresta devastada. Objetos metálicos simplesmente haviam derretido com o intenso calor e suas renas viraram churrasco não sobreviveram. Ainda relataram avistar uma "chuva negra".

Árvores caídas, quebradas e entortadas pela explosão.
Moradores de Kansk, a 600km do epicentro da explosão, relataram que pescadores foram atirados ao rio, os cavalos foram derrubados e tremores violentos conseguiam derrubar objetos das prateleiras de suas casas. Até o condutor do expresso Transiberiano achou melhor parar o trem com medo dos tremores descarrilarem os vagões e a locomotiva.

"-O que diabos aconteceu aqui?" - pensaram os moradores e as autoridades.

Todos os animais da região não sobreviveram à onda de choque, mas incrivelmente os humanos sim. As ondas de choque foram tão colossais que estremeceram toda a Europa e Ásia, além de uma grande nuvem de poeira cobrir parte dos continentes, inclusive os americanos chegaram a relatar uma diminuição na transparência atmosférica por vários meses em parte de suas terras. Essa poeira refletia a luz do sol e, para se ter uma ideia, era possível ler tranquilamente um jornal à noite em Londres só com essa luz. Ondas de calor, ventanias, estrondos também foram reportados. A explosão foi ouvida e sentida a 1000km ao redor. Houveram perturbações no campo magnético da Terra e cientistas calculam que as ondas de choque tenham viajado o planeta inteiro por 2 vezes. Essa explosão teve a força de 500 a 1000 bombas nucleares como a de Hiroshima, ou seja, entre 5 megatons e 30 megatons de TNT. Isso equivale a 1/3 da bomba Tzar. Cerca de 2.200Km² de florestas foram devastados.

Só lembrando que a Grande São Paulo anexa a capital São Paulo a mais 38 cidades ao redor e tem cerca de 8mil Km² de extensão. Fonte: Astronomia no Zênite.
Você, assim como os especialistas da época, inicialmente imaginou que se tratava de um meteoro ou coisa do tipo, não é mesmo? Quando as autoridades chegaram ao local da explosão, que infelizmente só aconteceu em 1921 devido a um caos político na Rússia e pela região ter um acesso bem complicado, avistaram apenas uma floresta devastada, como se uma bomba nuclear tivesse atingido ela. Na época, os geólogos imaginaram que um meteoro tivesse feito tudo aquilo. No entanto, em 1927 a Rússia, com um imenso interesse no valor comercial do metal do meteoro, enviou outra expedição para encontrá-lo. Reviraram todo o lugar, mas nenhum rastro sequer de cratera feita por bomba ou por algum corpo celeste que tenha caído na superfície foi encontrado.

Esta é uma foto atual da região. Note que não há nenhuma cratera e que a vegetação tenta se recuperar como pode.
Olhando mais de perto, é possível perceber que as árvores continuam caídas, porém a natureza não desistiu de tentar recuperar a região.
 Então o que causou esse mini-apocalipse?

Desde a época, centenas de teorias vem surgindo. Peguei algumas:

1 - Pouso alienígena - muitos acreditam que uma nave alienígena tenha pousado no local, o que explicaria o seu desaparecimento depois e também a falta de uma cratera.

2 - Cometinha - há uma parcela de cientistas que acreditam que um pequeno cometa tenha sido o responsável pela explosão, mas que ele tenha se desintegrado na atmosfera e a onda de choque que chegou à superfície foi o suficiente para arrasar com tudo. O problema é que não foram encontrados vestígios de pedras, metais ou algo que possa fazer parte de um cometa.

3 -Experiência pavorosa de Tesla - um dia antes da explosão, Nicola Tesla estava testando sua teoria sobre ser possível transmitir eletricidade pelo ar. Fez isso através da sua enorme antena construída para o experimento. A invenção ficou conhecida como “Raio da Morte” e a explosão em Tunguska foi atribuída a isso.


4 - Mini buraco negro intruso - Albert A. Jackson e Michael P. Ryan explicaram que possivelmente um buraco negro com cerca de uma tonelada talvez tivesse atravessado a atmosfera terrestre e se chocado com a superfície, causando a explosão.

5 - O pesadelo da antimatéria - três cientistas, Lincoln LaPaz, Cowan e Atluri e Libby, propuseram em épocas diferentes a teoria de que um pedaço de antimatéria vindo do espaço teria sido aniquilado na região, liberando uma energia assustadoramente potente.

6 - Bomba nuclear natural - talvez um meteoro contendo todos os ingredientes de uma bomba nuclear possa ter se chocado com o planeta.

7 - Explosão de uma nave extraterrestre - alguns defendem a ideia de que uma nave interplanetária tenha se chocado com algum meteoro e acabou caindo aqui na Terra.

8 - Tamanho não é documento - antigamente acreditava-se que um asteróide (uma pedra espacial gigantesca, muito maior do que meteoros e meteoritos) tinha que ter um bom tamanho para causar uma grande devastação em uma colisão com o nosso planeta, algo em torno do tamanho de um campo de futebol, pesando 1 milhão de toneladas e movendo-se a 108.000 km/h no mínimo. Só em 2007 é que Mark Boslough e sua equipe utilizaram um supercomputador para simular o evento em Tunguska. O resultado foi assustador: um pequeno asteróide conseguiria com facilidade causar uma devastação monstruosa como a que houve na Sibéria.

Observe a energia gerada na ponta do asteroide.
9 - Fragmentos aparecem misteriosamente depois de mais de 100 anos -na época das primeiras expedições, nenhum fragmento de meteoros ou meteoritos foi encontrado. Anos depois, foi encontrado algo que parecia vidro, mas acabou se perdendo um tempo depois e nunca foi estudado. Desde então diversas expedições vem sendo feitas na região, mas nenhuma realmente conclusiva. Eis que surge Andrei Zlobin, um colaborador do Museu Geológico Vernadsky de Moscou, divulgando uma parcial de estudos com supostos fragmentos encontrados no epicentro. O problema é que nenhuma análise profunda foi feita, como a avaliação da composição das pequenas pedras e nem muito menos há provas de que essas evidências foram encontradas na região de Tunguska.

10 - O gelo do mal - apesar dos esforços de diversos cientistas em expedições ao local, a teoria mais aceita é de que algum corpo celeste composto de gelo e com até 100 metros de diâmetro tenha entrado na atmosfera com alta velocidade, mas foi se desintegrando e o gás aquecido tenha criado um efeito de bomba. Isso explica não ter vestígios e nem cratera já que o gelo derreteu, mas ao mesmo tempo ter uma devastação de proporções inimagináveis. É a teoria mais aceita atualmente.

Autor: Greg Smye-Rumsby
Seja qual for a explicação, não estamos totalmente protegidos de novas colisões com objetos vindos do espaço. Em 1930, um outro meteoro atingiu o rio Coruça no Amazonas, Brasil, causando uma devastação muito semelhante à do Tunguska. Segundo estudos, se o corpo celeste de Tunguska estivesse atrasado 4 horas teria aniquilado a cidade de São Petersburgo, já que a própria rotação do planeta mudaria o alvo. Hoje, depois de mais de 100 anos do ocorrido, a vegetação se recuperou bem, porém os animais ainda não conseguiram voltar totalmente para a região. Expedições do mundo todo buscam provas que possam finalmente desvendar esse mistério. Há um grupo italiano tentando investigar. Você pode obter mais informações sobre o trabalho e as atuais expedições no site oficial deles clicando aqui (o site está em inglês). Também pode acessar o site oficial da região em inglês (ou russo) clicando aqui.

Aqui vai a localização do evento (60° 55′ 0″ N, 101° 57′ 0″ E):


E você, em que acredita ou qual a sua teoria?

2 comentários:

  1. e pra vc LIUKA? o que acha que foi?

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    1. Eu acho a teoria da invenção do Tesla bem plausível, confesso. Aquele cara quase dividiu o planeta em 2, então poderia facilmente criar algo bizarro assim. E você?

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