No alto de uma catedral eles estão de vigia. Sob seu olhar atento, ninguém passa despercebido.
Não, não é um conto de terror ou uma poesia gótica, apenas uma charada. Já adivinhou?
Sim, estou falando das gárgulas! São aquelas estátuas de criaturas aladas com feições nem um pouco amigáveis que são encontradas comumente em catedrais com estilo gótico, principalmente as que foram construídas na Idade Média. Alguns foram encontrados em antigos templos e prédios romanos, egípcios e gregos.
A verdade é que as gárgulas existiam apenas para disfarçar a saída dos canos de escoamento de água dos telhados. Note que a maioria delas tem a boca aberta, por onde a água saía. Os egípcios faziam leões, os romanos e gregos animais, mas foi na Idade Média que a coisa começou a ficar realmente bizarra. Logo começaram a surgir figuras humanoides que pareciam estar em um eterno sofrimento ou amaldiçoadas de alguma forma, criaturas amedrontadoras que possuem características de animais como morcegos e demônios esculpidos principalmente em igrejas.
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Um porquinho |
Há quem diga que elas foram construídas para lembrar as pessoas na Idade
Média que o demônio sempre está vigilante e nunca dorme, por isso as pessoas tinham que frequentar assiduamente a igreja. Outros
afirmavam que elas podiam espantar os maus espíritos. Há lendas que contam que elas escaparam do inferno ou que podem possuir uma pessoa. Apesar da grotesca aparência que comumente os leva a serem interpretadas erroneamente como seres malignos, alguns diziam que elas podiam falar com as pessoas e avisar dos perigos ao seu redor ou que impediam que certas almas adentrassem a igreja que protegiam. Há quem conte que à noite elas sobrevoavam a cidade em busca
necessitados para ajudar e proteger (afinal todo mundo é mais vulnerável
à noite) e outros contavam que elas comiam ratos, gatos, pássaros e
morcegos, mas que ao amanhecer voltavam a virar pedra. Alguns dizem que se você olhar por algum tempo para uma delas, quase poderá vê-las se moverem ou respirarem.
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Gárgula de Notre Dame |
Apesar da palavra gárgula derivar do francês "
gargouille", que significa garganta, há uma lenda ainda mais bizarra sobre o que teria inspirado os europeus a começarem a usar gárgulas em suas construções. Corria pela França a lenda de que um dragão d'água estava aterrorizando as pessoas que navegavam pelo rio Sena. Ele surpreendia as embarcações, as virava e comia os tripulantes. Ainda por cima tinha a mania de destruir propriedades próximas às margens com fogo que saía por sua boca. Esse monstro era conhecido como "La Gargouille". Para acalmar o bicho, algumas pessoas faziam sacrifícios oferecendo uma vítima ainda viva todos os anos, de preferência donzelas inocentes, mas às vezes eles ofereciam um prisioneiro condenado. Farto de tudo isso, um bispo chamado São Romanus resolveu acabar com a festa da fera. O bispo se aproximou da margem e tirou seu crucifixo. Atraído, o dragão o seguiu até certo ponto. O bispo então saltou sobre o dragão e com o seu manto de sacerdote fez uma espécie de cabresto (alguns afirmam que era uma coleira). O que aconteceu em seguida foi surreal: o bispo e o dragão acabaram indo parar no meio da cidade e então os aldeões se rebelaram. Amarraram a fera numa estaca e tacaram fogo em cima dela até a morte, porém a cabeça e o pescoço não queimaram porque estavam adaptados e acostumados a receber fogo que o dragão soltava. O que os aldeões fizeram? Exatamente, eles construíram uma igreja em homenagem a São Romano e botaram a cabeça do dragão no topo dela!
Elas raramente aparecem sozinhas, geralmente não se tem muitas iguais num mesmo prédio e a catedral de Notre Dame tem as gárgulas mais famosas do mundo. Inclusive a Disney explorou esse tema no desenho do "
Corcunda de Notre Dame".
As medievais são mais comumente encontradas na França e na Inglaterra, mas podem existir em todo o restante da Europa Ocidental.
Seja como for, atualmente os gárgulas existem apenas para decoração porque afinal já se tem outros métodos de escoar a água sem que tenha que expor algum cano. Um exemplo disso é a Catedral Nacional de Washington, nos Estados Unidos, onde até mesmo o Darth Vader acabou virando uma peça importante da coleção de gárgulas, mas é apenas um objeto decorativo.
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