HULK E COISA – GOLPES SUJOS
Roteiro: Bruce Jones
Desenhos: Jae Lee
"Certo, eu entendi. Você não estava escutando Ross, só estava escutando Destino chamando você de monstro inútil."
Li em algum lugar certa vez que “A morte é única profissional que não brinca em serviço”, sem querer se chato, mas já sendo, isso a cada dia me parece ser uma verdade. Eu imagino que quando se é um roteirista, seja de quadrinhos ou cinema, principalmente de quadrinhos, o profissional tenha uma série de três tipos (pelo menos eu acho) de histórias rabiscadas:
· Algumas que ele pode adaptar para um outro personagem (um conceito volúvel).
· Ideias que ele já tenha para determinados personagens;
· Ou reunir o que o personagem possui para fazer uma história sem nada demais.
É sobre essa terceira que essa HQ é. Não tenho muito do que reclamar, afinal eu tive mais da arte impecável do Jae Lee, infelizmente não se encaixando muito com o Hulk, que sempre fica melhor com artistas como Mike Deodato Jr ou Adam Kubert, que sabem definir as proporções de monstro melhores. Eu acho que eu me trancaria em uma sala igual fez o Mercenário em Justiceiro Max, para arrancar da cabeça uma história impar para o Jae Lee desenhar, eu jamais encararia como mais um trabalho tapa buraco, como Bruce Jones encarou, daria o meu melhor. E Bruce Jones não é ruim, fez arcos muito bons com o Hulk (apesar de alguns descontentes), soube trabalhar as histórias de Bruce Banner o colocando como um andarilho caçado, cercado de traições, pena ele ter alongado esse material, que ficaria perfeitamente bem em uma edição com 24 páginas, ao invés de 100.
Nem se pergunte como o porquê, apenas tenha em mente que a história começa com o Coisa indo ver Bruce Banner em um bar no meio de um deserto, para uma conversa “entre amigos monstros”, sobre quem é o mais forte, além de trazer revelações sobre os “bastidores” do primeiro combate entre ambos, que ocorreu em uma das primeiras edições do Quarteto Fantástico, acho que a #6 ou #7, lá pelos distantes anos 60... Serve mais pela nostalgia, principalmente se você é um leitor como eu, que gosta de ouvir menções sobre histórias que quase ninguém leu (pelo menos nos dias de hoje, com essa geração cineminha pipocão Marvel Studius), como a história #5 do Quarteto, onde eles encontram o Doutor Destino pela primeira vez e ele os manda para o passado, onde eles se disfarçam de piratas para pegar um tesouro do Barba Negra... Jeph Loeb também referenciou essa história no temido Homem de Ferro de “Heróis Renascem” nos anos 90...
Mas o ponto é: O que mais isso tem? Resposta: Nada. O que deveria ser um acerto de contas termina em um tímido empate, se Bruce Jones quis, pretensiosamente, fazer um conto com dois dos maiores lutadores pesos pesados do universo Marvel, sem recorrer a uma luta intensa, e sim a um duelo verbal, que fizesse algo memorável, com lições... A única que eu aprendi foi de um profissional recebendo uma boa grana, para trabalhar com um excelente artista e como Warren Ellis no post anterior, fazer algo regular sem sentir remorso. O que será que aconteceu com os perfeccionistas por qualidade como o Alan Moore e Frank Miller nos anos 80?
Nota: 4.4
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