MadCurioso: As armas mais inusitadas já criadas - parte 2

Armas de fogo ou armas brancas, não importa. A Bizarrice pode surgir onde você menos espera. Semana passada mostrei algumas armas estranhas e curiosas, mas ainda tem mais delas! Preparado (a)?

Vamos a elas:
Katar – essa engenhosa arma indiana era uma das mais temidas de sua época, tudo porque ao acionar um gatilho, a lâmina principal se abria e formava 3 lâminas no total. Esse design era proposital, já que ela conseguia atravessar armaduras como se fossem papel. Encaixada em um bracelete ou apenas segurada como um soco inglês, mas sempre como uma extensão do braço, o katar dependia unicamente da habilidade do soldado para ser letal. Dependendo da posição, ela ainda podia bloquear golpes de inimigos. Essa arma era tão incrível que executar vítimas em silêncio, com precisão e rapidamente era uma tarefa fácil.


Brulotes – o que é pior que um navio cheio de canhões carregados? Um navio em chamas, é claro, afinal o seu navio na época seria de madeira, ou seja, material extremamente inflamável e a última coisa que você iria querer é fogo no convés. Se os canhões não resolvessem uma batalha, então algumas frotas decidiam apelar pra um navio velho em chamas (sem tripulantes, é óbvio) e o largavam passando no meio do campo de batalha naval, principalmente indo na direção dos navios inimigos. Era quase certo de que funcionava porque até o capitão do outro navio conseguir desviar demorava e também forçava a tripulação inimiga a abandonar os navios para se “salvarem” das chamas. Essa técnica ajudou os ingleses a derrotar a “Invencível armada” espanhola em meados de 1500, por exemplo.

Batalha de Chesma de 1770 por Sergey Panin

Ninho de abelhas – os chineses sabiam travar batalhas como ninguém. Criaram espadas poderosas e os primeiros canhões, mas também tiveram a sua cota de armas bizarras. Uma delas se chamava “ninho de abelhas”. Segundo registros, essa poderosa arma era um tubo hexagonal que continha 32 flechas em seu interior e que lembrava uma colmeia. Com alguma tecnologia de pirotecnia, o que era muito utilizada por eles, quando os pavios das flechas eram acesos o tubo virava uma espécie de canhão das 32 flechas, atirando-as com precisão nos oponentes. Era improvável que alguém escapasse de um ataque desses e também poupava um precioso tempo dos arqueiros.


Chu Ko Nu – também de autoria dos chineses, essa besta é um ancestral do rifle automático e tão eficaz quanto. Um suporte de madeira guarda 10 flechas adicionais que se alocam automaticamente depois de cada disparo. Em média, era disparada uma flecha por segundo, poupando os arqueiros que demoravam muito mais pra recarregar os arcos e as bestas comuns. Essa curiosa arma foi usada pela última vez nas guerras sino-japonesas de 1985 a 1985. Caiu em desuso porque as armas de fogo eram mais versáteis, baratas e fatais. Mas o que é pior do que receber 10 flechadas em 10 segundos? Veneno é claro! Tais flechas ainda eram embebidas em um forte veneno e lançadas para garantir que o oponente fosse aniquilado mesmo que elas passassem de raspão.


Zhua – ou em tradução livre “garra”, é mais uma arma chinesa. O que diferencia das outras é que não basta ser letal, ela ainda é pavorosa! Utilizada amplamente na era imperial chinesa, a zhua nada mais é do que um gancho de ferro bem pesado preso a uma corda ou bastão. Usado como um gancho de escalada, seu principal objetivo era arrancar os escudos e armas dos oponentes, mas também conseguia derrubar cavaleiros, mutilar os soldados e literalmente arrancar a pele das pessoas! No filme “A maldição da flor dourada” é possível ver um tipo de zhua sendo usada por guerreiros de elite do imperador chinês (e eles fazem um tremendo de um estrago com essa arma).



Urumi – também conhecida como “Aara”, é uma espada bem diferente de tudo que você já viu. Originária da Índia, essa espada é conhecida por ser extremamente flexível, tanto que a sua lâmina fica curvada. Utilizada quase como um chicote, a Urumi causava estragos no oponente como cortes profundos e mutilações. É uma das armas mais difíceis de se manejar do mundo e requer muita prática e habilidade do guerreiro, caso contrário ele poderá se ferir gravemente. O incrível é que um guerreiro habilidoso geralmente utilizava uma em cada mão durante as batalhas, o que as tornava ainda mais letais e que provavelmente fazia das batalhas um verdadeiro show de horrores. Eles as giravam no ar e depois lançavam sobre os oponentes. Podiam ser curtas ou bem longas. É considerada também a espada mais perigosa já criada.


Apanhador de homens – não apenas o nome é bizarro, mas também a aparência desta arma chega a ser grotesca. Criada no século XVIII e muito utilizada na Europa, consistia em um cano metálico com duas cabeças acima cheias de pontas. Inicialmente era usada para derrubar homens dos cavalos, mas depois descobriram que era muito boa para deter prisioneiros violentos também. Como os cavaleiros usavam armaduras, então as pontas não os machucavam, apenas os prendiam. Má sorte dos prisioneiros, que acabavam mortos ou machucados por não terem nenhuma proteção nos pescoços.


Arma de cemitério – não, nenhum morto usava a arma e ela também não tinha esse nome porque poderia mandar alguém pro cemitério, mas sim porque era usada em cemitérios. O problema é que no século XVIII haviam muitos saqueadores de túmulos. Na verdade, ninguém disparava a arma, pois ela era acionada através de uma armadilha montada com um fio e quando alguém tropeçava nele, o gatilho era acionado e o larápio espertalhão levava um tiro certeiro. Em alguns casos, as armas serviam apenas como “armas de alarme”, ou seja, elas tinham cartuchos vazios que faziam apenas barulho quando disparados e alertavam de que haviam intrusos no cemitério. As autoridades podiam correr atrás do ladrão e estes podiam começar a pensar 2x antes de tentar saquear algum túmulo novamente.


Caneta – parece uma caneta, mas não se engane: é uma arma letal. As primeiras foram feitas em 1920 e eram usadas por agentes da Agência de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos (OSS), a percursora da CIA. A desvantagem é que podiam ser usadas uma única vez, então eram tidas como uma “arma de emergência”. Depois surgiram variações produzidas na década de 90 que eram comuns entre “homens de negócios”, afinal nunca se sabe quando um negócio pode dar errado, não é mesmo? Ao contrário das antigas, a nova versão permitia que fossem recarregadas e bastava dobrar algumas partes para ter uma pequena pistola nas mãos. Há ainda uma versão mais recente que foi encontrada em um espião norte-coreano nos Estados Unidos. Ao invés da ponta, havia uma agulha com um veneno mortal. Aliás, o espião foi condenado a 4 anos de prisão.

Caneta de um tiro só.
Versão dos anos 90 que era dobrável.

Chave – temendo represálias e ataques surpresa, os carcereiros precisaram se equipar com uma arma bastante curiosa. Além de abrirem e fecharem as celas dos prisioneiros, estas armas chaves feitas a partir do século XIV serviam exatamente para conter confusões, amedrontar prisioneiros possivelmente rebeldes e proteger o carcereiro. Infelizmente elas não eram tão eficazes quanto os porretes, principalmente porque não tinham precisão e também porque só disparavam um único tiro por vez, o que não era muito eficaz contra uma rebelião de presos.


Anel – conhecida também como “Le petit protector” (o pequeno protetor), a arma se dispunha em um anel e talvez tenha sido uma das mais compactas da história. Surgiu na França durante a Era Vitoriana e geralmente era usada por mulheres, principalmente porque temiam ser assaltadas ou sequestradas em tempos difíceis (e quando foram fáceis, não é mesmo?). Podia realizar 6 disparos e tinha calibre de 5mm. É muito rara e pode ser letal se o oponente estiver bem próximo.


Luva – escondidas em luvas, estas armas eram uma carta na manga para a espionagem. Disparavam quando o oponente era socado ou quando a mão do atirador pressionava o corpo do oponente, ou seja, só dava certo se o tiro fosse à queima-roupa. Com calibre 38, eram acopladas a uma luva de couro que deveria ficar coberta com um sobretudo bem grande para disfarçar a coisa toda. Um fato curioso é que esta arma não era fabricada em pares, portanto apenas uma luva continua a arma. Foi comum na segunda guerra. Um modelo apareceu no filme “Bastardos Inglórios”.


Guarda-chuva – mais conhecido como “Guarda-chuva Búlgaro”, eram guarda-chuvas  que tinham um sistema para disparar dardos venenosos. Era uma arma famosa na espionagem do século passado e foi inclusive usado para matar o escritor búlgaro Georgi Markov em 1978, em Londres. Basicamente o Markov criticava o líder comunista búlgaro Todor Jivkov e acabou sendo executado, morrendo 4 dias depois envenenado. O veneno era feito de ricina, que é retirada das sementes de mamona. A vítima sente dores de estômago fortes, tem diarreia e vomita sangue. Não tem antídoto pra este veneno, o que o torna o mais perigoso veneno de origem vegetal. Provavelmente foi um assassinato realizado pela KDS que era como a KGB, mas búlgara, e com certeza contou com a ajuda da própria KGB russa.


Outros objetos que serviram de armas - escudo, machado, relógio de bolso, isqueiro, cadeado, bengala, chicote, batom (calibre de 4,5mm que disparavam só 1 tiro por vez e eram usados pelas agentes da KGB), cachimbo, fivela de cinto, lanterna (foi encontrada junto com o espião norte-coreano que tinha a caneta que falei lá em cima), canivete suíço, anzol e até um crucifixo.
Cachimbo, anzol, canivete suíço, batom e lanterna (no canto superior esquerdo tem um buraco por onde a bala passa).

Bengala, cadeado, crucifixo, chicote, isqueiro e relógio de bolso.
Escudo britânico. Visão externa à esquerda e interna à direita.

Canhão de mão – também conhecido como pistola de cinto. Inventada em 1775, esta belezinha cabia na palma da sua mão e é recarregada abrindo-se a tampa de latão. Geralmente ficava preso no cinto, daí o nome. Usada principalmente para defesa pessoal.


Bardiche de fogo – o bardiche era uma arma muito comum no leste e norte europeus. Consistia basicamente em uma espécie de adaga em um pequeno cano metálico ou pau de madeira. Às vezes eram escondidos nas mangas das roupas e usados para ataques surpresa, o que tornava o combate talvez um dos mais rápidos da história. Entretanto, alguém algum dia teve uma ideia brilhante: por que não unir um bardiche com uma arma de fogo? Como se não bastasse levar um corte da afiadíssima lâmina, o oponente também levava um tiro a queima-roupa. Resultado: morte na certa.


Pistola gaita – não, não tinha nenhuma gaita acoplada à arma. O motivo desse nome era um suporte ou carregador que servia como expansão de capacidade de tiros e que parecia uma gaita. Conforme iam ocorrendo os disparos, o carregador se deslocava horizontalmente e depois bastava ser trocado por um cheio de balas para continuar a atirar. Assim como o Chu Ko Nu, essa arma podia otimizar o tempo do atirador. Foi inventada por Jonathan Browning em 1834.


Arma à vapor – conhecida também por “Winans Steam Gun”, parece coisa do filme James West, mas essa coisa realmente foi inventada por Charles S. Dickinson durante a guerra civil americana. Consistia em um mecanismo de centrífuga movido por um motor a vapor ao invés de pólvora e que tinha a capacidade de disparar até 250 tiros por minuto que podiam alcançar até 2km de distância. Apesar de ter sido usada durante pequenos confrontos para proteger algumas regiões de Baltimore, infelizmente ela nunca foi usada na guerra civil por causa de conflitos políticos e também por não ter a precisão das armas de pólvora.


Torpedo carvão – ou “coal torpedo”, foi outra bizarrice que surgiu da guerra civil americana, mas desta vez inventada por um irlandês chamado Thomas Edgeworth Courtenay. Consistia em uma bomba disfarçada de carvão porque, bem, quem é que liga pra um pedaço de carvão largado por aí? Principalmente numa era em que tudo era a vapor como navios e trens. Para dar a aparência correta era usado ferro fundido. Ele podia ser pequeno, mas tinha carga suficiente pra afundar um navio inteiro depois de uma explosão. Acredita-se que pelo menos 60 navios a vapor da União tenham sido afundados. Mas calma lá, não há nada tão ruim que não possa piorar. Eu sempre falo isso aqui, né? Enfim, durante a segunda guerra mundial os nazistas resolveram aprimorar a ideia e ao invés de usar ferro fundido, usavam plástico mesmo. O objetivo era destruir os suprimentos de carvão e usinas de energia dos Estados Unidos. Felizmente um agente duplo britânico descobriu e entregou para o seu superior. Japoneses também chegaram a usar suas próprias versões do torpedo. Registros da CIA revelam que a organização pretendia usar outra variação do torpedo em ferrovias norte-vietnamitas durante a guerra do Vietnã.


Arma de Cianeto (ou cianureto) – criada pela KGB (a CIA russa da guerra fria), esta belezinha talvez seja a mais cruel da lista. Sim, é pior do que a urumi pelo simples fato de fazer a vítima agonizar até a morte de uma forma bastante terrível. Consiste basicamente em um spray de cianeto, um químico extremamente perigoso e tóxico que pode matar em minutos. O que o cianeto faz é basicamente destruir as células do sangue, causando parada respiratória e debilitando o sistema nervoso central. Acredita-se que tenha sido usada em vários casos de assassinatos. Os grandes problemas destas armas é que o cianeto deixava uma marca na pele (ela praticamente derretia) e o próprio atirador acabava intoxicado, já que a coisa toda era pulverizada na cara da vítima e podia facilmente viajar pelo ar até a cara do atirador. Então ele tinha que correr para tomar um antídoto (nitrito de sódio fornecido em pílulas pela própria KGB) antes que virasse outra vítima.


Arma de pó – chamada de Caccolube, a arma era um conceito ridiculamente simples e extremamente eficiente. Não há explosivos, nem lâminas, nem pólvora e nem veneno. Apenas pó. Criada pela Agência de Serviços Estratégicos dos Estados Unidos (OSS) na década de 40, era usada para destruir motores a diesel, principalmente os de tanques de guerra e caminhões. O pó vinha num invólucro de látex (é, parecido com um preservativo) e bastava ser colocado no tanque de óleo. Não precisa ser um mecânico pra saber que pó num motor não é apenas uma terrível ideia, mas também o pior pesadelo de um líder militar, já que dá perda total do motor! Ele basicamente destrói as peças do motor, fazendo com que o veículo pare de funcionar pouco tempo depois. Isso teoricamente faria com que os soldados inimigos fossem forçados a voltar para a base, abandonando o veículo para trás e tornando-os bem frágeis a ataques. Os custos de reparação acabavam sendo altos para os inimigos também, o que era outra baita vantagem, afinal quem é que sempre tem uns milhões pra gastar em tanques novos no meio de uma guerra? Por fim, se o espião estivesse prestes a ser pego, ele poderia continuar o disfarce se livrando facilmente do Caccolube ao jogar o pó em qualquer lugar. Resumindo: era uma arma barata, eficiente, silenciosa e simples.


CURIOSIDADE

Tamancos holandeses – um camponês revoltado ou um rebelde maluco jogavam seus tamancos de madeira no interior dos moinhos e isso estraçalhava com as engrenagens, fazendo o moinho parar e prejudicar a produção do fazendeiro/camponês, sem contar que em alguns casos os moinhos serviam como bombas para manter a água longe dos campos e se fossem destruídos, o inimigo (no caso de uma guerra) não conseguiria se mover no meio de um lago onde antes era alguma plantação ou campo aberto. Os franceses chamam esses tamancos de “sabots” e provavelmente a palavra “sabotagem” veio daí.



VEJA TAMBÉM:
Parte 1

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Ficou ainda mais curioso? Então veja o que já publicamos de curioso aqui!

2 comentários:

  1. Ótimo post! adorei... A maioria eu não conhecia, tenho um livro sobre armas antigas mas confesso que pouco folheei....pois gosto de armas mais modernas a partir da época de Napoleão...passando pela 1 e 2 guerra até os dias de hj.
    Mas o que mais me chama a atenção é a segunda guerra, as armas, os campos de batalhas e as estrategias....confesso que a batalha do vietnam é interessante....(ops saí do assunto do post)

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    1. Segunda Guerra é e sempre será uma paixão minha. Tem tantos aspectos, vertentes, histórias, conspirações e até mitologias...cada vez que leio sobre, descubro algo novo.

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