MadCurioso: Efeitos e truques geniais do cinema - parte 1


Você certamente já se perguntou como um efeito especial é feito em uma determinada cena de um filme, não é? E muito provavelmente também acha que a produção gastou milhões com uma tecnologia futurista pra consegui-lo, mas e se eu te disser que muitos dos grandes efeitos do cinema podem ser feitos com coisas que você tem em casa ou que pode arranjar facilmente pra comprar por aí? Desde os primórdios, o cinema tem seus truques de baixo custo que podem ser uma bela de uma mão na roda para os diretores. Sem contar que muitas outras técnicas geniais podem ser utilizadas em praticamente qualquer área da produção. Eis aqui uma lista de algumas ideias geniais que aposto que você nem sonhava que podiam ser possíveis:

Tornado de seda – o tornado do famoso “Mágico de Oz” de 1939 foi feito prendendo-se uma meia de seda em um ventilador. Quando era ligado, o tornado surgia quando a meia se torcia. Pra finalizar o efeito, a produção jogava pó e um pouco mais de vento para dar um ar de destruição. De longe e em preto e branco parecia um tornado bem convincente!


Motosserras malditas – em filmes de terror sempre parece que a motosserra nunca para, quando na verdade ela está parada sim. A impressão se dá porque geralmente tem uma fumacinha saindo dela, como se estivesse queimando combustível. Na verdade ela é feita com tabaco que é bombeado por uma mangueira que sobe pela perna do ator e se conecta com a motosserra de mentirinha. Daí parece que nunca desligam ela, mas na verdade nunca nem sequer a ligaram. Sem contar que tabaco é muito mais barato do que combustível. Basta adicionar o barulho do motor na edição.


Ovo suspeito – durante uma cena do filme Alien de 1979, é possível ver um movimento estranho dentro do ovo alienígena. Nada mais era do que um pouco de luz por trás e a mão do diretor enfiada numa luva de borracha escura se movimentando. O ovo, claro, era feito de um material semitransparente.


Alien preservado – A cabeça do alienígena mais famoso do cinema tem partes feitas com preservativos masculinos. Sim, camisinhas que deram um toque bem bizarro à face do bicho.


Mini cenários gigantes – antes do CGI, como os diretores faziam cenários gigantes? Certamente isso custaria muito tempo e uma fortuna pra ser feito, mas o diretor alemão Eugene Schufftan teve uma ideia genial para resolver o problema no filme Metropolis de 1926. Ele posicionou um espelho semitransparente a 45 graus entre a câmera e a miniatura do cenário. A parte transparente do espelho refletia a miniatura na escala ideal e dava a impressão de que os atores realmente estavam naquele cenário. Essa técnica ficou tão famosa que foi usada amplamente em vários filmes, inclusive em alguns do Senhor dos Anéis, dispensando caríssimos CGIs. A técnica é conhecida como “The Schufftan Process”.

Exemplo de resultado final: a cidade de Metropolis.

Armas de mentirinha – armas são muito caras e bastante perigosas, mas os diretores tem atualmente uma opção bem melhor: armas de airsoft. São idênticas às armas convencionais, atiram bolinhas de plástico que não matam e, bem, basta colocar o som do tiro e aquele flash na ponta do cano quando for editar o filme. Ninguém vai notar a diferença! Claro que réplicas não funcionais também são utilizadas com alguma tecnologia básica de pirotecnia para imitar os tiros.


Falso inverno – cenas de inverno são muito comuns também, mas a neve não é exatamente o que parece. Na verdade nada mais é do que papel picado bem pequenininho. O papel é um dos poucos materiais que dá a textura e a cor exata da neve, fazendo-a parecer fofinha em um momento e bem compacta em outro. E o melhor: não derrete! Dá pra fazer várias cenas, reaproveitar o material e ainda por cima ele é biodegradável. O único problema é os atores aguentarem os pesados casacos e roupas especiais para o inverno quando não há frio algum.


Cachoeiras salgadas – água não é a melhor amiga de um estúdio. Se espalha e requer toda uma estrutura para manter os equipamentos longe dela. Entretanto, George Lucas usou uma técnica bastante interessante para fazer as cachoeiras próximas da cidade de Theed, em Star Wars 1: a ameaça fantasma. Eles jogaram sal em uma tela de veludo para dar o efeito de cachoeira. Açúcar também funcionava, mas começou a dar problemas com insetos dentro do estúdio e o sal foi o melhor substituto.


Corpos estranhos – nem sempre um ator ou atriz aceita fazer cenas de nudez. Muitos até mesmo cobram a mais por isso. Entretanto, há uma alternativa mais barata: dublês de corpos. Em vários filmes esses dublês foram utilizados, mas as cenas geralmente cortam as cabeças para que apenas os corpos apareçam e aí basta gravar os rostos dos atores depois e juntar tudo no filme. Ninguém desconfia!

Natalie Portman ao centro e nas pontas a sua dublê de corpo.

Água em escala – no filme “O incrível homem que encolheu” de 1957, havia uma cena em que o ator (já encolhido) tinha que lidar com gotas gigantes de água. Mas como fazer algo tão pequeno como uma gota ficar tão grande? O diretor Jack Arnold então resolveu usar preservativos cheios de água e uma correia transportadora que os derrubaria em certo ponto, próximos à câmera, e eles estouravam assim que atingissem alguma superfície, como gotas de água mesmo. O efeito deu certo, porém o escritório de produção o chamou para explicar os gastos com caixas e mais caixas de camisinhas. Arnold apenas respondeu: “bem, foi uma cena difícil de se gravar, então eu dei uma festa para o elenco.” Veja a cena aqui: link


Bicho-de-pé – em Star Wars: o império contra-ataca aparece um verme gigante em um asteroide. O bicho asqueroso foi feito apenas com maquiagem em uma meia.


Skates flutuantes – em “De volta para o futuro”, McFly comumente aparece em seu skate flutuante. Para fazer este efeito, o ator Michael J. Fox era suspenso por cabos presos a um guindaste e o skate era posicionado abaixo dos seus pés, preso por um cano. Haviam também ímãs nos sapatos de Michael que atraíam o skate e o faziam ficar preso aos seus pés durante os saltos.


Aterrissagem – o som lendário feito pela aterrissagem da TARDIS, a nave do Dr. Who, foi feito com chaves raspando cordas de um piano e um pouquinho de remixagem. Ouça aqui: link


Miniaturas – não quer gastar milhões em CGI? Bem, para cenários que serão explodidos é bem simples: exploda miniaturas deles. É uma técnica famosa também e que dá um efeito bem real.


Sonhos cinematográficos – se você é fã de filmes antigos provavelmente já se deparou com alguma cena em que a tela parece brilhar, trazendo uma certa magia ao filme com uma aura ao redor do personagem. Esse brilho era proposital e o efeito era obtido passando-se vaselina nas lentes da câmera.


Injeções – para injetar qualquer substância, é geralmente usado um braço de mentira parecido e maquiado como o do ator. Às vezes colocam bolsas com líquido tingido com corante vermelho de forma que se você puxar o êmbolo da seringa, vai dar a impressão de que o sangue foi puxado e se misturou ao líquido que será injetado. Para aplicação de outras partes do corpo eles costumam usar agulhas sem ponta e que não machucam, mas que tem uma pequena mola e quando o ator a pressiona contra a pele do outro, ela na verdade volta pra dentro da seringa.


Sangue fluorescente – no filme Predador, o sangue do macabro predador era fluorescente. A mistura foi feita com o conteúdo de glowsticks (aqueles usados em festas e raves) e gel KY. O único problema disso é que a mistura secava rapidamente, então vários lotes frescos tinham que estar à mão para possíveis reposições e as filmagens tinham que acontecer logo que a mistura era aplicada aos atores e objetos. Mesmo 20 anos depois, quando uma sequência do filme foi feita, eles usaram a mesma mistura.



OUTRAS CURIOSIDADES 

Espere! Ainda tem mais curiosidades sobre alguns fatos do cinema. Confira!

Queima de estoque – o cenário de King Kong de 1933 ocupava um espaço enorme no estúdio e era necessário se desfazer dele, mas logo os produtores tiveram uma brilhante ideia: por que não usá-lo em outro filme? Então o cenário de King Kong foi parar numa cena do filme “E o vento levou” onde a mansão era queimada até virar pó. Sim, ele foi totalmente carbonizado!


Gravidade zero – filmes espaciais exigem gravidade zero, como Gravidade e Apolo 13. Para conseguir o efeito, a equipe de filmagem e os atores fazem as cenas dentro de aviões especiais e modificados para cair em queda livre e zerar a gravidade temporariamente. Em suma, o avião tem que ficar subindo e descendo várias e várias vezes. As cenas geralmente são bem estressantes de serem gravadas. Outra técnica é colocar toda a equipe de filmagem debaixo d’água numa piscina. A água não zera totalmente a gravidade, mas permite movimentos únicos e bem semelhantes aos que os astronautas fazem no espaço. O único problema é lidar com oxigênio e as bolhas de ar, por outro lado dá pra fazer cenas mais complexas e demoradas. Em Interestrelar, os atores foram presos a suportes em guindastes (ou gruas) onde também estavam presas as câmeras e conforme se moviam, a câmera se movia junto dando a falsa impressão de estarem em gravidade zero. Em Gravidade algumas cenas foram filmadas com a Sandra Bullock presa a um suporte movido por um braço de robô automotivo (sim, aqueles robôs incríveis que parecem braços mecânicos gigantes que soldam e montam carros nas fábricas). O robô se movia de um jeito que permitia dar a impressão de ela estar flutuando na gravidade zero dentro das estações espaciais internacionais. Às vezes basta apelar para coisas mais simples como em Europa Report, onde o diretor usou filmagens reais da Estação Espacial Internacional de astronautas caminhando no espaço.

Avião que simula a gravidade zero.
Sandra Bullock sendo erguida por um braço mecânico durante as filmagens de "Gravidade".
Matthew McConaughey suspenso por uma grua com a câmera (em laranja) bem próxima enquanto filmava uma cena do filme Interestelar.

Pica-horror-pau – em algumas cenas de “Às voltas com fantasmas” de 1948, as animações eram feitas por ninguém mais, ninguém menos do que Walter Lantz, o famoso desenhista e criador do Pica-Pau.


Câmeras de rodas – às vezes o improviso impera no set e cadeiras de rodas são utilizadas para movimentar as câmeras de uma forma mais controlada e fácil.


Claquete – é um dos símbolos do cinema e um instrumento real e muito útil. Serve para sincronizar áudio e vídeo quando é batida. Também contém informações sobre a cena, diretor, câmera, etc.


VEJA MAIS:
Parte 2


Ficou ainda mais curioso? Então veja o que já publicamos de curioso aqui!

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