A quem interessam os protestos? E quem está contando os lucros?

 

Não foi só a adesão aos protestos antigoverno que cresceu neste domingo. Para entreter o público em São Paulo (500 mil, segundo o Datafolha, ou 1,4 milhão, para a PM), os organizadores levaram à avenida Paulista uma estrutura sem precedentes – incluindo milhares de abadás, shows de rock ao vivo e o mesmo trio elétrico usado por Ivete Sangalo no carnaval de Salvador.

A BBC Brasil conversou com David Martins de Carvalho, presidente estadual do Solidariedade, partido que contratou a festa – e não divulgou valores. "Trouxemos (os abadás) porque queremos um protesto alegre e o Carnaval é sinônimo de alegria", disse.

Questionado se a "carnavalização" poderia esvaziar o tom político do protesto, Carvalho disse que o importante é o bom humor. "O povo gosta, olha aí", disse enquanto apontava para o grupo de jovens que preferia a Paulista à Vila Madalena.
Via BBC (link)
 
Volta e meia uma cambada se reúne pelo todo o país pra protestar contra a corrupção. Não vou entrar em méritos aqui se essa galera é ou não corrupta também porque isso dá muito pano pra manga, mas a questão é que tais protestos, ou seja, gigantescas aglomerações de gente tem atraído um tipo específico de atenção.

Isso mesmo, tem gente que está lucrando (e não é pouco) com os protestos. Área VIP, show de banda cover, abadá, cerveja, dancinha coreografada, marchinhas...se fosse fevereiro a gente até poderia dizer que estava tudo bem, que era normal e era só o carnaval, mas estamos em março e a páscoa vem aí. O carnaval ficou pra trás com seus carros alegóricos coloridos e bateria sincronizada, esquecido nas notas de apuração exibidas na rede Globo.


Vi outras fotos circulando pela web de bonecos infláveis "pixuleco" do Lula sendo vendidos por ambulantes que davam até a opção de pagar com cartão, um morador de rua com um cartaz com frases bastante humilhantes e gente endeusando um ser tão desprezível quanto o Bolsonaro (até Hitler teria ojeriza desse cara, tenho certeza).

Dizeres das placas: "era empresário, virei mendigo” e “tomei no c*".

E não foi a primeira vez que tentaram lucrar. Num protesto de outro ano, um kit pró-impeachment com boné bordado, camisa polo e uns adesivos chegava a custar a bagatela de 175 reais!


Claro que lucrar com isso não é exatamente um crime, mas com certeza vários produtos são de muito mau gosto. Pra que camarote? Pra que abadá? Fora os comes e bebes como churrasquinho, cachorro-quente, salgadinhos, água, refrigerantes e cerveja. Cerveja? Cara, você ta num protesto! Tem que estar lúcido, vivo, atento pra alguma confusão que possa acontecer (ou acha que tudo pode sempre ficar na paz? Confusões acontecem...) e também pra poder protestar da forma certa. Protesto não é comemoração, é um grito de socorro, um basta que o povo dá antes de tomar medidas drásticas.

Mas brasileiro não aprende, não é mesmo? Faz do jeitinho dele, arruma aqui, dobra ali, cola lá e no final ficam apenas as gambiarras.

Se você me perguntasse há 2 anos atrás se eu gostaria de deixar o Brasil, minha resposta seria "não". Hoje, porém, já começo a mudar de ideia. Não que existam países perfeitos, mas talvez a cultura de algum dos mais de 200 países do mundo não seja tão patética e medíocre como a nossa se tornou e só isso tornaria a minha vida mais leve.


Em 32 ninguém foi bater panela. Eles saíram à luta. Morreram, é verdade, mas hoje temos constituição graças a essa gente. Tem até um obelisco em São Paulo aberto à visitação e que presta homenagem a esses nobres soldados que nada mais eram do que gente como eu e você. Fico imaginando que se os panelaços funcionassem, como seria o monumento? Uma frigideira gigante e uma colher de pau atravessadas como um "x" e embaixo uma placa escrito: 

"Em memória daqueles que amassaram suas panelas em suas nobres varandas e janelas em prol do fim da corrupção do nosso amado Brasil."

É ou não é patético?

Já vi gente dizendo que o governo ignora esses protestos, que não dá a mínima. E não tem que dar mesmo. Que governo no mundo e na história levaria essa gente a sério? E onde já se viu andar de abadá num protesto? Só aqui nesse país mesmo e na falta de abadá, vai a camisa da CBF, cujo nome já virou sinônimo de corrupção há tempos. Mas quem liga? Tem as cores da bandeira e basta.

Eu não sou da direita, nem da esquerda, nem de cima, nem de baixo, nem centroavante, noroeste, sudeste, nem de nada. Eu sou apenas a favor da liberdade de expressão com um sutil toque de bom senso, de um governo justo e de um povo menos medíocre. Não defendo Lula, nem Dilma, nem Aécio, tampouco Fidelix, Marina Silva, Bolsonaro e afins. Sou realista e gosto de pensar antes de realizar cada ação ou de levantar qualquer bandeira.

A conclusão que tiro é de que o problema do Brasil definitivamente são os brasileiros.


Tá na hora de Deus dar um reset nesse mundo, vocês não acham não?

2 comentários:

  1. Olá, Luika, faz tempo que não comento, mas esse texto me chamou bastante atenção, bem como seus outros sobre ações políticas -- ou algo que tente ser uma, como esse "protesto".-- Temos visões diferentes em alguns assuntos, mas nada que nos torne adversários. Eu não sou nazista, mas defendo --até certo ponto-- Jair Bolsonaro como político. Eu não vou a protestos, nunca fui a nenhum. Alguns eu até concordo em existirem, outros não. É mais uma questão de objetivo e método com o qual o movimento se propõe. Citando exemplos, não levei a sério nenhum dos protestos que ocorreram anos atrás com "Não vai ter Copa", "Passe Livre" e por ai vai. Ali era mais uma balada obstruindo o direito de ir e vir dos trabalhadores do que uma reivindicação. De fato o problema do Brasil são os brasileiros, Deus me livre querer um dia enxergar tudo de maneira maniqueísta, apesar desse ser um protesto que eu concordo. Bolsonaro é polêmico, Bolsonaro diz muitas vezes coisas precipitadas, mas para ganhar Ibope, do que para falar de maneira séria, porém eu escolheria mil vezes ele do que uma comunista terrorista antipatriota como a que temos lá em Brasília. Uma terrorista que a srta já escreveu em algum texto antes, que pode ser inocente sobre os roubos, estando só lá no meio. Faço as minhas palavras a do ex-candidato a presidente Plínio Arruda "Com o escândalo ocorrendo na sala ao lado da sua dona Dilma, a senhora é omissa, ou incompetente."

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    1. Toda opinião contrária é bem vinda, principalmente a sua! Não há brigas aqui, apenas debates. Eu também não sou contra protestos, mas sou contra a forma que são feitos. Essa carnavalização é quase um veneno pra nação. Aos poucos vai corroendo e tornando tudo parte de um grande circo. E quanto ao Bolsonaro, bem, não sou a favor dele, é verdade, pois utiliza polêmicas pra aparecer e isso é um jogo sujo. A Dilma também não é flor que se cheire, tampouco Lula. Não os defendo, só acho que a mídia exagera sobre eles e às vezes a coisa é tão grotesca que você percebe que é uma manobra pra desviar a atenção da população de outro escândalo como o do Cunha ou do Aécio, por exemplo. Isso tudo leva ao ódio e o que o Brasil mais precisa agora é do contrário, é do amor pra vencer essa podridão e reconstruir tudo mais uma vez (como já fez no passado). No mais, termino com uma frase do ilustríssimo Eça de Queirós: "Políticos e fraldas devem ser trocados de tempos em tempos pelo mesmo motivo".

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