MadBizarrice: Especial de Dia das Bruxas - Noite oficial dos OVNIs
Em 19 de maio de 1986, um estranho fenômeno aterrorizava os
brasileiros. Os relatos vinham de Goiás, São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro.
Sérgio Mota trabalhando na torre na época. |
Sérgio Mota da Silva era um controlador de voo na época. Ele
logo detectou objetos estranhos no radar da torre de comando do aeroporto São
José dos Campos. Naquele momento havia um pequeno avião Xingu levando o
presidente da Embraer na época, o Ozires Silva, exatamente na rota dos objetos.
Originalmente eles estavam saindo de Brasília e indo para São José dos Campos,
no Estado de São Paulo. Sérgio contatou o piloto Alcir Pereira da Silva, o
avisou e pediu para que reconhecesse os objetos. O piloto então começou a
circular os objetos que mais pareciam lâmpadas fluorescentes e percebeu que os
objetos se moviam muito rápido quando se chegava perto, além de terem um brilho
fora do normal. Outros aeroportos de São Paulo detectaram os objetos também e logo
avisaram o Centro Integrado de Defesa Aérea e Controle de Tráfego Aéreo
(CINDACTA I). Não demorou muito para que
o aeroporto de Brasília e outras bases aéreas no Rio de Janeiro e Goiás
começassem a detectar o mesmo fenômeno.
Xingu |
F-5E Tiger II |
A Força Aérea Brasileira (FAB) agora tinha cansado. Era hora
ver investigar mais a fundo. A ordem veio do Centro de Operações de Defesa
Aérea (CODA), em Brasília, sob o comando do Major Ney Antunes Cerqueira. Duas
bases foram designadas para a investigação. A base aérea de Santa Cruz, no Rio
de Janeiro, enviou um caça F-5E Tiger II sob o comando do Tenente Kleber Caldas
Marinho para tentar identificar os objetos. A princípio ele viu uma luz branca
abaixo de si, mas ela começou a subir e mudar de cor. Quando chegou a 12 milhas
de distância, voou em direção ao mar. Sabe-se que o piloto estava em altíssima
velocidade na hora da perseguição. Parou a operação porque ficou sem
combustível.
Um tempo depois, a base aérea de Anápolis, em Goiás, enviou
um caça Dassault Mirage III para fazer o mesmo. Sob o comando do Capitão
Armindo Sousa Viriato de Freitas, o caça logo encontrou o alvo. Segundo ele, o
objeto fazia movimento de ziguezague a uma distância constante. O piloto
permaneceu em Mach 1.05, ou seja, velocidade acima da do som. Em determinado
momento, o objeto se distanciou de repente, provavelmente a 15x a velocidade
que o piloto estava inicialmente. Na época essa façanha era impossível e mesmo hoje as aeronaves modernas tem muita dificuldade em fazer isso, só protótipos conseguiram.
Dassault Mirage III |
A base aérea de Anápolis então enviou mais um Mirage sob o
comando do capitão Marcio Brisola Jordão. O piloto avistou uma luz vermelha
sobre o mar e tentou se aproximar. Os objetos então se posicionaram em 6 de um
lado e 7 do outro lado do caça, acompanhando na mesma velocidade. Ele agora
estava sendo perseguido pelos OVNIs.
Anápolis enviou um terceiro caça Mirage, mas com a missão de
interceptar os objetos. O Capitão Rodolfo da Silva Sousa, porém, não teve muita
sorte. Não detectou nada no radar, tampouco visualmente e depois de 45 minutos
voltou à base.
Por fim, um quarto Mirage decolou em Goiás sob o comando do
piloto Julio Cesar Rosemberg. Ele também não detectou e nem avistou nada.
Ao todo, a perseguição dos 5 caças durou 4 horas e só acabou
quando os objetos desapareceram quando iam na direção do Oceano Atlântico.
Cerca de 21 alvos foram detectados. Era praticamente uma frota alienígena em
terras tupiniquins!
Osires relatou posteriormente ter visto um objeto alongado e
luminoso, além de avermelhado. Ele também disse que o objeto e si não emitia
luz, mas parecia refletir uma luz.
Osires Silva |
Relatos além dos militares
Os pilotos Geraldo de Sousa Pinto e Nivaldo Barbosa estavam
a bordo de um Boeing 707 da Varig, um cargueiro que tinha acabado de decolar de
Cumbica em São Paulo (aeroporto de Guarulhos) em direção ao aeroporto Tom
Jobim, no Rio de Janeiro. A CINDACTA I então entrou em contato e perguntou se
eles tinham visto algo estranho. Geraldo e Nivaldo olharam para fora, tentando
encontrar algo e logo avistaram um objeto luminoso acompanhando a aeronave. Por
um tempo, o objeto pareceu manter a mesma velocidade. Outros tripulantes também
avistaram o mesmo.
Passageiros do voo 241 da VOTEC também avistaram algo
estranho e luminoso voando próximo do avião quando estavam sobrevoando Minas
Gerais. Segundo eles, era de cor vermelha, verde e branca e arredondado.
O compositor José Dantas voltava pra casa naquela noite em sua Kombi,no Distrito Federal, quando
avistou um objeto luminoso de cor amarela em formato de cogumelo. Segundo ele,
parecia que o objeto pretendia pousar nas montanhas ao redor.
Os relatórios secretos
Brigadeiro Moreira Lima |
No dia seguinte a euforia era um misto de medo com histeria.
O Ministro da Aeronáutica, o Brigadeiro Octávio Júlio Moreira Lima, confirmou
os avistamentos daquela noite que ficou conhecida como “a noite oficial dos
OVNIs”. Ele prometeu publicar um relatório militar sobre o caso em até 30 dias,
mas nunca o fez. O motivo? A FAB classificou como confidencial. O relatório
existe e ficou pronto bem antes de 30 dias, sendo publicado em 02 de junho
daquele mesmo ano. A base do relatório foi o número espantoso de depoimentos de
pilotos militares e civis, operadores de radar e relatório preliminares.
Quase 30 anos depois, o governo brasileiro finalmente
liberou os relatórios para consulta pública, exceto um que ainda permanece em
sigilo. Entretanto, os relatórios liberados confirmam que eram 21 objetos e o
mais impressionante: muitos eram esferas que mediam até 100m de diâmetro!
O relatório também termina da seguinte maneira:
"Como conclusão dos fatos constantes observados, em quase todas as apresentações, este Comando é de parecer que os fenômenos são sólidos e refletem de certa forma inteligência, pela capacidade de acompanhar e manter distância dos observadores, como também voar em formação, não forçosamente tripulados."
Gravações dos pilotos e dos controladores também foram
liberadas. Tudo está disponível no Arquivo Nacional, inclusive online.
Únicos registros fotográficos
A gente já sabe que a histeria foi inevitável, mas os
jornais tiveram um impacto ainda mais decisivo nessa história. O fotojornalista
de São José dos Campos, Adenir Brito, tinha fotos dos objetos. Infelizmente um
cientista, que se dizia ser da NASA, apareceu e tomou os negativos sem
devolvê-los nunca mais. Só o que restaram foram as duas fotos publicadas em 20 de
maio de 1986 no Jornal ValeParaibano.
Ceticismo
Alguns militares na época insistiram que eram apenas
estrelas, mas o controlador Sérgio duvida. Estrelas não poderiam ser captadas
por radares, segundo ele. O astrofísico Oli Luiz Vors Júnior atesta que naquela
noite houve a passagem de um cometa pelo planeta. Segundo ele, assim que entra
na atmosfera passa a esquentar e emitir luz, então pode ser detectado pelos
radares. Meteoros ao redor podem acompanhar o cometa, portanto isso explicaria
o grande número de objetos da “frota”.
OVNIs hoje
O Comando da Aeronáutica não tem um setor voltado a esse
tipo de evento, mas sabe-se que toda vez que um OVNI aparece no espaço aéreo
brasileiro, um relatório é feito em registro público. Se o relatório for
classificado como de risco à segurança nacional, ele imediatamente será posto
sob sigilo como dita a lei de acesso à informação.
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