MadBizarrice Halloween: Seitas Macabras - Ramo Davidiano

O diabo pode ser combatido de muitas maneiras, às vezes com muita reza, às vezes com rituais e para algumas pessoas só com uma AK-47 na mão.

Já nos anos 30 a Igreja Adventista do Sétimo Dia enfrentava um movimento reformista que acabou dividindo os fiéis. A parte excomungada não viu outra alternativa senão fundar sua própria vertente da Adventista: adventistas dravidianos do sétimo dia. Na verdade, o termo “davidiano” só ficou popular graças a David Koresh, mas o nome não existe por causa dele.

Vernon Wayne Howell nasceu em 1959. Ele não teve uma infância fácil, tendo que conviver com abusos e alcoolismo em sua família e nunca conheceu o pai. Com 19 anos se converteu aos adventistas depois de engravidar uma garota de 14 anos e foi expulso depois de perseguir outra garota, a filha do pastor. Em 1981, ele se mudou para um rancho em Waco, no Texas, onde ficava a comunidade adventista davidiana fundada por Victor Houteff em 1934.

David Koresh

Logo Howell mudou seu nome para David Koresh e começou a acreditar que era um profeta e o líder na época, Louis Roden, não se opôs. Porém seu filho, George Roden, o viu como ameaça, já que pretendia ser o próximo a liderar o grupo. Ele induziu os fiéis a expulsá-lo do rancho através da força bruta. Koresh ainda arrastou alguns consigo e eles se mudaram para Palestine, a 145km dali. Por dois anos eles viveram em ônibus e barracas, sem dinheiro e em condições bem precárias. Mas Koresh se manteve ativo e tentou recrutar novos seguidores na Califórnia, Reino Unido, Israel e Austrália.

Da esquerda para a direita: Rachel, sua primeira esposa, Cyrus, seu primeiro filho, Star, sua segunda filha e a mãe de Rachel.

Houteff tinha o sonho de implantar um reino davídico na Palestina e Koresh se viu incubido disto. Ele ainda fez planos para implantar a seita em Jerusalém também. Em 1991, ele se convenceu de que deveria deixar Israel para trás e agir nos Estados Unidos, mais precisamente em Waco onde já tinha uma comunidade davidiana. Em Palestine, no Texas, Koresh convenceu os membros de sua seita de que ele era o único que sabia da verdade absoluta e de que era o próprio Cristo. Ele profetizou que o grande conflito que geraria o apocalipse se daria em 1995.

Ele deixou de pregar a monogamia para se dedicar à poligamia, sendo que se baseou supostamente em um cântico de Salomão. Koresh afirmava que tinha direito à 140 esposas, sendo 60 rainhas e 80 concubinas. Ele chegou a se envolver com garotas menores de idade de 12 e 14 anos. Karen Doyle, de 14 anos, foi sua segunda esposa e o pivô da criação de uma nova ideologia chamada “nova luz”. Ambos teriam uma filha chamada Shoshanna que deveria se casar com o primogênito de Koresh, Cyrus. Como Karen não conseguiu conceber, ele decidiu tentar com a irmã dela de 12 anos.

George Roden ainda não estava satisfeito. Ele desafiou Koresh a ressuscitar um morto que eles deveriam desenterrar. Koresh tentou denunciar, mas não tinha provas de que alguém tivesse desenterrado mesmo um cadáver. Então retornou ao Morte Carmelo com mais 7 seguidores, todos disfarçados e armados. Eles trocaram tiros com Roden e seus seguidores e a polícia prendeu todo mundo. No tribunal ele afirmou que voltou para tentar achar provas da exumação, então acabou absolvido junto com seus seguidores.

George Roden

Em 1989, a estado mental de Roden era crítico, tanto que matou Wayman Dale Adair com uma machadada na cabeça após o mesmo se declarar um messias. Foi preso num hospital psiquiátrico e o terreno do Monte Carmelo foi posto à venda para pagar dívidas que Roden tinha. Koresh e seus seguidores acabaram comprando o local.

Se o fim dos tempos estava próximo, então era melhor eles se prepararem. Lá dentro eles estocaram armas, explosivos e muita munição. Grande parte adquirida ilegalmente. O rancho foi rebatizado de “Rancho do Apocalipse”. Tudo isto para deter as “forças do demônio” (ou o governo dos Estados Unidos para os íntimos).

Koresh era rígido, não deixava as crianças frequentarem a escola e as submetia a abusos físicos e sexuais. Acredita-se que ele fosse pai de pelo menos 15 crianças. Ele também realizava constantes lavagens cerebrais em seus seguidores, o que possibilitava anular casamentos de alguns e poder ficar com as “ex-esposas” deles. Não tardou para que o FBI ficasse sabendo das práticas e armas no local e iniciou uma intensa investigação.

Em 1993, o órgão do departamento de justiça dos Estados Unidos chamado de “Bureau of Alcohol, Tobacco, Firearms and Explosives” que fiscaliza a posse, produção e uso de armas de fogo, explosivos e tráfico de tabaco e álcool, cercou o rancho no Monte Carmelo. Eles tinham um mandado de busca na sede, mas foram expulsos a tiros, o que resultou na morte de 4 agentes e 6 seguidores, além de 16 feridos. Koresh por duas vezes tentou negociar com o FBI, sendo que na primeira pediu para que um vídeo seu de 58 minutos fosse divulgado na TV enquanto falava de sua doutrina. O FBI acatou a exigência, mas ele desistiu quando afirmou receber uma mensagem de Deus pedindo para esperar. Os telefones do rancho foram cortados. Membros começaram a cogitar suicídio coletivo. A energia foi cortada e religada várias vezes, mas o frio não poupou ninguém. A tensão nas negociações só aumentou com o passar dos dias.

Da segunda ele exigiu que pudesse pregar sobre sua religião aos companheiros de cela. O FBI aceitou e fez um contrato por escrito dessa vez, que Koresh amassou e jogou fora em seguida. Após a Páscoa, Koresh pediu para que esperassem que ele terminasse sua “interpretação” sobre os sete selos. O FBI logo notou que ele só estava tentando ganhar tempo e pressionou a Secretária de Justiça a autorizar um ataque não letal.

Rancho Waco
O FBI muda de tática, deixa uma música no volume alto tocando a noite toda. A intenção era incomodar e fazer as pessoas saírem de lá. Alguns saem mesmo, mas a maioria permanece. Eles não se preocupam muito com comida, já que tem o suficiente para um ano inteiro. O FBI não desistiu e apelou pra música alta, luzes fortes e helicópteros passeando pela região. Koresh e seus seguidores resistem. O FBI então começou a injetar gás lacrimogêneo dentro dos edifícios do complexo, o que desencadeia um tiroteio.


Tanques do governo adentram o complexo, derrubando tudo pela frente. Aquele era o sinal de que os fiéis precisavam. Aquele era o início do apocalipse para eles. Ninguém sabe ao certo como, mas um incêndio se inicia.


A partir de então o caos se instaura, ceifando a vida de 80 pessoas, incluindo Koresh, seus filhos e esposas. No total o cerco durou 51 dias.


Após a morte de Koresh, a propriedade foi confiscada. Por fim foi dada à Igreja Adventista do Sétimo dia do Ramo Davidiano. Com o tempo a doutrina mudou drasticamente. Ela ainda existe, mas com ideias bastante divergentes das de Koresh. Ao que tudo indica, ele foi “apagado” da história da igreja.

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