Jornalismo vergonha - o caso de Paulo Sérgio
Estava eu, perambulando pelo blog Pragmatismo Político que não tem papas na língua pra falar de gente corrupta, filha da puta e maldita desde país e deste mundo. É um dos meus preferidos por falar sobre notícias que a mídia comum não faz questão nenhuma de divulgar e também mete a boca no trombone quando necessário. Enfim, dei de cara com uma reportagem que me deixou simplesmente revoltada! É o maldito do sensacionalismo atacando, mas pior do que isso é a total falta de ética que anda atingindo muitos jornalistas ultimamente. Eu já falei uma vez sobre a decadência do jornalismo, onde comentei sobre uma reportagem totalmente sem noção de um pobre coitado que teve a infelicidade de parar no hospital com um objeto estranho em seu ânus. Falando assim você acha graça, mas a reportagem chega a ser tão medíocre que a graça se transforma em revolta. É a mesma situação que apresentarei aqui, cuja fonte veradeira foi o blog do Renato Rovai, mas que vi mesmo no Pragmatismo Político, uma reportagem da rede Bandeirantes (vulgo Band) mais vergonhosa para a repórter Mirella Cunha do que para o próprio entrevistado Paulo Sérgio, suspeito de estuprar uma mulher no Estado da Bahia. Veja o vídeo:Apenas gostaria de lembrar que a intenção não é difamar, muito menos julgar ou xingar a repórter ou a rede Bandeirantes. Gostaria apenas de criticar a forma errada como o jornalismo vem sendo feito e que é algo que não podemos aceitar em nossa sociedade. Se não concorda, pule para o próximo post, por favor! Caso contrário, continue lendo a minha opinião e desabafo.
No Brasil temos altas taxas de analfabetismo, embora o governo insista em dizer que não. Porém, todos nós sabemos que apenas uma parte do país vive em cidades realmente grandes e modernas, a outra parte ainda vive na zona rural, com uma educação totalmente precária. Mas não se engane, mesmo nas cidades modernas, o sistema educacional é falho demais para os padrões aceitáveis, o que nos leva a entender que mais de 70% da população brasileira não tem a oportunidade de ingressar em uma faculdade, mestrado, doutorado e, se tiver sorte, conseguirá terminar o ensino médio. O resultado desse caos todo é uma ignorância de conhecimento de proporções épicas! Claro, isso já é estratégia do governo, afinal povo burro, eleitor garantido! Só para deixar claro para nossos leitores estrangeiros: no Brasil, todos os cidadãos a partir de 18 anos são obrigados a votar, senão pagam multas e alguns direitos são suspensos por um determinado tempo. Como grande parte da população nem sequer sabe ler, vota no primeiro que lhes dê algo realmente valioso em troca, como dinheiro, minúsculos pedaços de terra/casa e promessas utópicas. O pior de tudo é que algumas pessoas chegam a ser tão ignorantes, que quando conseguem entrar em uma faculdade se recusam a mudar sua forma de pensar. O resultado novamente é um caos de falta de ética profissional e mediocridade, como no caso desta repórter.
Claramente vemos que ela ironiza incensantemente o pobre rapaz, sem antes saber se ele é realmente culpado. Ele acabou de ser detido, não coletaram nenhum relato dele ou da vítima, não há testemunhas e nem exames de corpo de delito para provar que ele tenha feito uma atrocidade tão grande como o estupro. Obviamente ele insiste que é inocente e aos olhos da lei, ele realmente é neste momento. A lei é clara: todos são inocentes até que se prove o contrário. Mas mesmo que ele seja culpado, isso não dá direito a ninguém de humilhá-lo dessa forma. Eu odeio ladrão, estuprador, assassino, mas nem por isso sou sem noção para faltar com o respeito a ele. Deixe que a lei e Deus o castigue. Ao olhar para este rapaz percebemos que é de origem humilde, pobre e tem sim um certo nível de ignorância, tanto é que mal sabe pronunciar a palavra "estupro" corretamente ou diferenciar um exame de corpo de delito de um exame de próstata. Mas a repórter, em todo o seu cinismo, insiste em ironizar cada palavra que ele diz, rindo e fazendo comentários desnecessário, deixando-o extremamente constrangido. O mais notável disso tudo é que o editor-chefe revisou (ou deveria ter revisado) a reportagem e deu a permissão para tal humilhação que fosse ao ar para o Estado inteiro da Bahia (que não é nada pequeno, um dos maiores do país aliás). Outro aspecto marcante é a cor do rapaz, que é considerada típica da raça negra. No Brasil temos uma diversidade de raças que quase nenhum outro país tem. Infelizmente isso tem um preço um pouco alto também, como o preconceito. Muitos brasileiros não tratam bem e nem gostam de pessoas de outras cores, principalmente negros. Todo o passado de escravidão do país, onde os negros eram tratados como inferiores em tudo, se reflete nos dias atuais com hipocrisias sobre os cidadãos de cor negra, parda ou o chamado "mulato", que é uma mistura de pai/mãe branco com pai/mãe negro. Portanto concordo com o Renato Rovai quando ele se pergunta se a repórter teria o mesmo comportamento se o acusado em questão fosse loiro e rico. A propósito, a rede Bandeirantes disse estar ciente do caso e que vai tomar as medidas cabíveis para disciplinar a repórter. A postura da repórter fere o código de ética do jornalismo da emissora.
Então jornalistas e profissionais que lidam com pessoas, tenham discenimento e consciência do que falam e fazem. Não se pode simplesmente destratar qualquer cidadão porque você não foi com a cara dele. Lembre-se da ética social e profissional. Todos, sem exceção, temos direitos e eles acabam exatamente quando começam os direitos do outro. E por fim quero deixar claro que não tive dó do acusado, mas sim ojeriza do antiprofissionalismo da repórter. A ética existe para que situações desse tipo sejam evitadas e se faça um jornalismo sério e honrado.
O Blog do Tsavkko dá mais informações sobre o caso também: link
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