APENAS LEIA ESSAS 10 HQS FECHADAS
10. Lobo V.S Papai Noel – Por Alan Grant e Simon Bisley –
Ainda hoje eu não gosto do Lobo, acho ele um personagem otário, e tudo mais, só que me rendi a essa história, ela é tão sem noção, tão “The zueira never ends” que com o passar dos anos eu acabei gostando dela. Ela não tem nada de complexo, é a simples história desse mercenário virtualmente invencível (menos contra o Super-Homem no Injustice Haw haw haw) chamado Lobo, sendo contratado pelo Coelhinho da Pascoa (na história um alcoólatra depressivo e mafioso) para assassinar o Papai Noel, que passa longe de ser um velhinho inofensivo como mostrado na imagem, tudo isso no traço genial do Simon Bisley. Fizeram até um fan film adaptando essa HQ, só que artes como a do Bisley são como as do Miller em Sin City para mim: inadaptável.
Nota: 5.8
09. Batman – Lenda Urbana – Por Bill Willingham e Tom Fowler –
“Acha mesmo cretino? Sei o que está pensando... Que andei lutando e que devo estar muito ferido para arrebentar um verme larápio como você. Seu cérebro minúsculo deve estar pensando que se me matar... Algo que tantos tentaram e não conseguiram... Você irá se tornar o maioral do submundo de Gotham. Mas já pensou no que vai acontecer se falhar? Será que alguém sentirá sua falta, quando você desaparecer da face da terra, como milhares de outros que buscaram minha morte e fracassaram e nunca mais foram vistos?”
Batman é um dos maiores gênios táticos dos quadrinhos, ao nível do Ozymandias, Magneto, Ciclope, Capitão América, Homem de Ferro, Lex Luthor... Mas quem conseguiria derrotar ele em uma luta, ao ponto de espancá-lo tanto ao ponto dele cair de um prédio e perder boa parte da memória, inclusive de como lutar? É dessa premissa que parte esse rápido conto do Batman, mostrando ele passando por situações quase extremas de vulnerabilidade, até um final bem interessante, que pelo menos me surpreendeu a primeira vez que eu li, os mais atentos vão sacar o truque da história antes dela acabar.
Nota: 6.1
08. Val – Na Sala de Espera – Por Vagner Francisco e Anderson Cossa -
“É o que diz na capa—“
O que eu mais gosto no Val é o seu discurso underground e realista sobre a vida, bem como algumas situações bem criativas que o autor dele o coloca, como ele encontrando o Esqueleto (arquinimigo do He-Man) ou participando de uma banda com o Alan Moore e o Grant Morrison, todas essas histórias estão nesse arquivo para download, mas a minha preferida é a do título “Na Sala de Espera” com o Val mandando a real em uma mulher que vem falar sobre o por quê o Super-Homem não poderia ter um filho com a Lois Lane... Um verdadeiro Fatality verbal, não só na personagem, mas para boa parte dos leitores em relação à hipocrisia que sustentam em relação ao “apego a vida humana”.
Nota: 7.4
07. Olhando Você – Por Bruce Jones e Frank Quitely -
“... Minha maior alegria... Meus momentos mais felizes... Eram olhando você... Olhando fixa e interminavelmente para aqueles lábios doces e beijáveis... Aquele nariz delicado e arrebitado, mas o melhor de tudo talvez fosse o êxtase provocado pelos seus olhos... Olhos que me atraiam para uma espiral... Olhos no qual me perdi... Olhos lindos de morrer.”
Não li muita coisa do Bruce Jones, mas vi os desenhos do Quitely em muitas situações, o que tenho de elogiar em ambos é a capacidade que eles tiveram de criar esse conto extremamente perturbador sobre até que ponto um homem se torna submisso por um amor platônico, e o quanto sua esperança cega ele em relação a crueldade das pessoas. Se eu disse mais vou estragar. Nesse arquivo contém outras histórias curtas, as quais eu não li, se alguém ler elas e as achar mais interessante que alguma da lista ou tão instigante quanto, comenta ai.
Nota: 7.8
06. Hellblazer – O Berço – Por Warren Ellis e Tim Bradstreet -
“Uma vez alguém me perguntou se a magia existia. Só se você quiser que ela exista. Só se você quiser.”
Existem três capitas que eu jamais me queixaria de que eles desenhassem qualquer HQ que eu leio: Tim Bradstreet, Brian Bolland e Glen Fabry. Brian Bolland simplesmente não desenhou mais quadrinhos depois de Piada Mortal, porém desenhou bastante coisa antes de ficar só nas capas, Glen Fabry era incomparável dos anos 80 até uma parte dos 2000 com capas de séries como Hellblazer e Preacher, eu via uma capa dele e ficava indignado em ele só ter feito a capa e não todo o conteúdo, e por fim o Tim: Eu conto nos dedos o que eu vi ele desenhar de HQ na vida, e essa daqui, foi a mais longa que eu vi ele ilustrar na minha vida, por tal motivo é uma relíquia para mim, invejo até hoje o Warren Ellis de poder escrever esse roteiro para o Tim desenhar, Ellis não fez a melhor história de sua vida, mas entregou esse conto competente sobre o poder que a crença e psicopatia pode exercer no nosso mundo, bem como faz uma síntese do que o título Hellblazer representa, histórias sobre magia negra e psicopatas que podem acontecer no nosso “mundo real”, o psicopata dessa história pode ser qualquer um, até mesmo seu vizinho...
Nota: 8.0
05. Sandman – “Homens de Boa Fortuna” – Por Neil Gaiman e Zulli
“Duvido que eu seja mais sábio do que há quinhentos anos. Estou mais velho, estive por cima e por baixo, e por cima de novo. Terei aprendido algo? Com meus erros talvez... Mas tive mais tempo para cometer mais erros.”
Vou logo confessar: Não li Sandman até o fim (#75), li apenas até o fim do arco “Estação das Brumas”, e de longe o personagem que eu mais achei interessante foi o Lúcifer. Parei a leitura do Sandman há alguns anos, as primeiras edições foram extasiantes, tanto que a primeira história de todas (#01) me fez achar na época melhor do que Watchmen, algo que eu não diria nunca hoje em dia, o que me fez parar foi que com o passar dos arcos, o que era um quadrinho genial foi reduzindo gradativamente a qualidade, ao menos para mim. Porém um conto me chamou bastante atenção, e resolvi incluí-lo na lista: “Homens de Boa Fortuna”. Nele Morpheus (O deus dos sonhos da mitologia grega, aqui o protagonista desse título) é convidado para uma conversa no bar com uma de suas irmãs: A Morte. Ela vê um individuo em meio à miséria se destacar dos demais exaltando a vida sempre com a mesma máxima “Eu não quero morrer nunca, a morte é coisa de idiotas”, ao qual os dois deuses após um acordo, concedem a imortalidade a esse homem, com a condição de a cada século Morpheus venha lhe perguntar o que ele aprendeu, como passou e se quer ser liberto da “maldição”. Um verdadeiro conto sobre altos e baixos da evolução do mundo, bem como a resistência emocional e física do homem a isso.
Nota: 8.5
04. Hulk – Banner – Por Brian Azzarello e Richard Corben –
Esse aqui eu considero o resultado do Hulk na mais pura essência: Um monstro indestrutível, sanguinário, irracional, uma verdadeira bomba atômica potencializada com membros, e dentro desse pacote, um ser humano atormentado que deve passar toda a vida com esse “câncer” que supostamente é a reprodução de todo o ódio reprimido dele. O Hulk é um personagem densamente simbólico e filosófico, Ang Lee enxergou e expôs isso em um belo filme e foi e ainda é arduamente criticado, infelizmente o grande público ainda enxerga o Hulk como um “troll que faz piadinhas” como em Vingadores... Mas aqui eu aplaudo de pé sobre o quanto Azzarello entrega uma história mostrando reais conseqüências caso um ser como o Hulk existisse, desde das mortes em massa devido de suas destruições irracionais à medidas extremas que Banner tomaria em sua guerra contra si mesmo cujo objetivo é o suicídio pela culpa do monstro que é (ou possui?).
Nota: 8.8
03. Wolverine – O Homem do Poço – Por Jason Aaron e Howard Chaykin –
A história mostra um “cara comum” frustrado com a vida devido agressões do seu pai quando criança, uma carreira de policial mal sucedida e por fim um divorcio. O trabalho desse cara comum é sempre metralhar um homem que fica no fundo do poço, que nunca fala, grita ou demonstra algum desespero: Wolverine. O que ocorre é a sagacidade que Wolverine tem ao começar a conversar com esse cara, e sempre com poucas palavras, manipular ele através da fraqueza emocional para conseguir sair dessa armadilha. A arte de Howard Chaykin dá um tom sombrio e cínico que só esse artista consegue, apesar do roteiro do Aaron ser muito bom, se fosse dado a outro desenhista, algum Ed McGuinness da vida tiraria muito da qualidade do material.
Nota: 9.0
02. Preacher – A Terra das Coisas Ruins – Por Garth Ennis e Steve Dillon –
Jesse Custer é um homem a moda antiga, aprendeu com a vida a resolver na porrada contra as injustiças que vê em seu caminho. Certa vez Jesse disse:
“Minha mãe foi Christina L`angelle, a única boa mulher que saiu de uma família de desgraçados. Meu pai era o soldado John Custer, do pelotão de fuzileiros dos Estados Unidos, e a única coisa que corria nas veias dele eram ferro. Diga mais uma palavra para desonrar a memória deles seu filho da puta imprestável, e eu o matarei agora, não importa a que custo.” (edição #22).
John Custer teve um grande amigo no exército, o soldado conhecido como “Astronauta”, e nessa história é mostrado um real sentido do que é honra e bravura em uma guerra, um grande exemplo de herói para qualquer filho.
Nota: 10.0
01. Super-Homem – Para o Homem que Tem Tudo – Por Alan Moore e Dave Gibbons –
“Mal? Insinuaram que eu estava louco! É verdade, minha teoria estava incorreta, acreditei que Kripton estivesse condenado e me enganei... Isso lhe davam o direito de me escorraçar e deixar a sociedade desmoronar?”
Qualquer ser humano está longe da perfeição ou felicidade, até mesmo o alien Super-Homem. É aniversário do Super-Homem, Batman, Robin e Mulher-Maravilha vão até sua fortaleza da solidão lhe dar presentes e congratular pelo dia, mas o que dá a como diz o título “um homem que tem tudo”? Afinal ele pode voar, é invulnerável, praticamente imortal, força imensurável, não precisa comer, dormir, não sente dor, tem supervelocidade, laser desintegrador nos olhos, o que um ser desse precisa? É o que Alan Moore responde nesse conto mostrando que até mesmo o mais poderoso e supostamente perfeito e feliz é na verdade tão inconformado e frustrado quanto os demais seres. E é investindo em um desejo profundo do Super-Homem que o Alan Moore entregou essa história que me deixou de queixo caído, apesar de ter coisas com a qual eu não concordo, como uma redução explicita da relevância que o Batman tem na batalha (uma forma que Moore tinha em dizer que Batman é só um personagem superestimado, não tão inteligente e pouco útil frente a Liga, já que Alan não concordava com o mesmo). Ainda assim não sou irracional para dizer que essa não foi uma das histórias mais inteligentes que eu li nos últimos anos.
Só que devo acrescentar que o personagem que eu mais achei interessante na história foi Jor-El (pai biológico do Super-Homem), um visionário que vê a sociedade de Kripton começando a se corromper cada vez mais, ficando quase ao nível da humanidade. Alan Moore realmente possuía uma imaginação tão impar para compor uma história, que mais parecia que ele conhecia pessoalmente cada elemento de seus enredos, desde dos cenários aos indivíduos. Um dos poucos roteiristas com o chamado “Toque de Midas para personagens”, é certo que aqui deram a ele o Super-Homem, mas qualquer título que o dessem, ele devolvia com uma história brilhante ao que muitos indagavam como não ter pensado nisso antes.
Nota: 10.0
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