MadCurioso: autômatos incríveis que você precisa conhecer
Depois de escrever uma nova versão da postagem do Turco no blog parceiro Ozymandias Realista, percebi que esse assunto de autômatos era mais interessante do que poderia prever. Não é difícil encontrar robôs como o NAO que pode andar, obedecer ordens, identificar objetos, conversar e até mesmo desenhar ou escrever. Entretanto, os autômatos foram os avós desses robôs e muitos podem ser mais antigos do que você imaginava. Claro que há os clássicos cartomantes que te dão a sorte, mas aqui reuni alguns dos mais interessantes e incomuns. Confira:O Turco - o Turco era um autômato de que podia jogar xadrez com maestria, tanto é que derrotou Napoleão Bonaparte com certa facilidade uma vez (e se tinha algo que Napoleão era de fato bom era o xadrez). Infelizmente ele foi destruído em um incêndio num museu da Filadélfia e por isso ninguém faz ideia de como ele se movia. O que se sabe é que os relatos sobre ele são no mínimo intrigantes. Ele podia mexer a mão, o braço, pegar peças e movê-las com precisão e acompanhar as jogadas com os olhos. Ele ainda parecia ter personalidade e isso foi comprovado quando Napoleão fez uma jogada que favorecia a máquina e esta reagiu com agressividade, lançando o braço sobre o tabuleiro e derrubando todas as peças. Então além de se mover a máquina também tinha um certo grau de inteligência, o que até hoje é tido como algo completamente extraordinário! Veja a postagem que publicamos exclusivamente sobre ele: link.
O autômato de Maillardet - antigamente era comum que os relojoeiros usassem autômatos nas vitrines pra chamar a atenção do público. Um destes relojoeiros é o suíço Henri Maillardet. Seu atômato é um garoto de 60cm que pode mover um dos braços dando-se um pouco de corda nele. Um complexo mecanismo de engrenagens, cordas e alavancas coordenam o braço para que a mão que segura uma caneta consiga desenhar e escrever poemas. E não pense que é qualquer desenho não, pois ele o faz com certa precisão. Tem capacidade para desenhar 4 tipos diferentes de desenhos, incluindo o de um templo chinês, e ainda pode escrever 3 poemas (2 em francês e 1 em inglês).
Na verdade ninguém sabe qual o instrumento original que era usado pra desenhar, mas uma caneta lhe serve bem. Outra coisa legal é que quando termina de escrever ou desenhar, o boneco ergue a cabeça e os olhos como se estivesse pensando no que irá desenhar a seguir. Segundos depois a cabeça e os olhos voltam a se abaixar, então ele volta a desenhar ou escrever mais uma vez, o que lhe dá "vida". Claro que todos estes movimentos são coordenados e ele só obedece uma programação bem primitiva, ou seja, nada de chips o controlando. Alavancas acompanham os relevos de dois discos que funcionam como memória, na verdade. O braço pode se mover suavemente em 3 eixos: de um lado a outro, para frente e para trás, para cima e para baixo. Apesar dos 200 anos, inúmeros consertos mal sucedidos, a incrível escapada de um incêndio no museu da Filadélfia e até mesmo uma indevida "mudança de sexo", hoje o boneco está completamente restaurado e em exposição no Instituto Franklin, nos Estados Unidos. Ele serviu de inspiração pro autômato da história "A invenção de Hugo Cabret".
O robô grego - um sábio da Grécia antiga chamado Heron de Alexandria desenvolveu um robô que era programado apenas com cordas e grãos de trigo. Como era possível? Bem, o mecanismo necessitava que se enrolasse as cordas em determinada sequência ao redor do eixo das rodas dianteiras e ficava pesa a um peso no alto de um tubo com grãos de trigo. Neste tubo havia um furo que permitia aos grãos caírem devagar e assim controlar a força motriz. Conforme os grãos iam caindo, o peso ia abaixando e fazia os eixos rodarem, servindo de propulsão pro robô. Cada giro da roda equivalia a um giro da corda e as pausas eram feitas com pedaços de corda presos com cera na lateral. Era possível programar diversas rotas. Acredita-se que o autômato de Heron era usado em teatrinhos com fantoches. Heron na verdade só aperfeiçoou a técnica de construção de robôs com outros que vieram antes dele, principalmente porque em Alexandria (era no Egito, mas tinha uma cultura grega muito forte na época) eles tinham até mesmo uma escola de robótica! Você pode vê-lo em funcionamento no site do G1: link.
Movido com o vento - há relatos que diziam que em Bagdá haviam autômatos movidos pelo vento e que ficavam nos portões de entrada e no palácio. Eram verdadeiras atrações do lugar e podem datar de meados do século VIII (8, criatura!).
Natureza exótica - em 827, o califa Al-Ma’mun tinha uma árvore de ouro e outra de prata com galhos móveis e pássaros também de metal que cantavam. Em 915 na cidade de Bagdá, outro califa chamado Abássido Al-Muqtadir também tinha uma árvore de ouro com pássaros que cantavam e mexiam as asas.
O monge - depois de quase perder seu filho para a morte e ter que recorrer à São Diego (o santo que deu nome à cidade de San Diego) para salvá-lo, o rei Felipe II decidiu homenagear o monge. Juanelo Turriano, um mecânico, foi chamado e designado para fazer o incrível. O resultado? Um monge que se move por um caminho em forma de quadrado, beija e move uma cruz, bate no peito com a mão direita enquanto move a mão esquerda com uma cruz e um rosário. Tudo isto é movido por um relógio. O monge se encontra no Instituto Smithsoniano atualmente. Quanto ao pobre príncipe que supostamente tinha escapado da morte, bem, ele não teve um final feliz. Por causa do ferimento na cabeça que quase o matou, desenvolveu uma instabilidade mental e acabou sendo trancado, morrendo sozinho um tempo depois.
Pato digestor - em 1739, o francês Jacques de Vaucanson construiu um pato autômato para mostrar que animais e humanos funcionavam por dentro como máquinas, só que orgânicas, diferente de seu pato de metal. O pato podia grasnar, bater as asas, mergulhar na água, comer da mão de um humano e defecar. Sim, o pato "digeria" os grãos que engolia. Ninguém sabe se era um truque ou se realmente o pato digeria os grãos. O caso é que Vaucanson teve que vender seus autômatos (ele criou vários) para se dedicar a outras coisas e a grande maioria deles se perdeu para sempre. Embora hajam alguns "patos digestores" por aí, eles não passam de réplicas do original.
O arqueiro - em 1819, o japonês Hisashige Tanaka construiu o Yumihiki-doji (boneco arqueiro). Era um garoto vestido com um quimono muito bonito e que sentado numa plataforma conseguia pegar uma flecha próxima, esticar a corda de um pequeno arco e lançar a flecha para um alvo um pouco mais distante. Não erra nunca o alvo!
As dançarinas - em Tóquio, no Japão, há uma boate (Kabukicho Robot Restaurant) com 3 dançarinas gigantes de 3,6m de altura. Os clientes podem se sentar nelas e comandar braços, pernas e expressões com controles próximos. É comum fazerem competições de danças entre os robôs. Sua aparência foi inspirada na Valquíria do jogo Soul Calibur. São talvez os maiores autômatos do mundo.
O tigre de Tipu - o Sultão de Tipu aparentemente não gostava muito dos europeus. Um autômato de um tigre atacando um soldado europeu foi feito no final do século XVIII (18, mamífero) exclusivamente para o sultão. Há um órgão no tigre que, com a ajuda de foles, consegue fazer uma sinfonia que ilustra como se o soldado estivesse agonizando. O boneco tenta levantar o braço para se defender várias vezes, mas é em vão, pois o tigre já venceu. Atualmente está exposto no museu Victoria & Albert na Inglaterra. No vídeo abaixo você pode ver o funcionamento e ouvir sua melodia.
Apesar de ser considerada uma engenharia bem complexa, atualmente pode-se fazer alguns tipos mais simples de autômatos apenas com papel e cola. Há vários deles pela internet e com temas diversos também que podem ser baixados de graça.
Museus cheios dessas máquinas estão espalhados pelo mundo, principalmente na Europa. Se um dia tiver a oportunidade de visitar um, não perca tempo!
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