O extremismo sempre foi um problema para a humanidade,
principalmente quando envolve questões políticas, sociais e raciais. Conhecemos
bem toda a tragédia que o extremismo branco já causou na história, mas e se eu
te contasse que há uma versão negra e, tal qual a branca, ela foi uma péssima
ideia também?
Em 1957, Dwight York era líder de alguns grupos de negros
muçulmanos em Nova Iorque. Com o passar do tempo, ele mudou os nomes dos grupos
e as doutrinas, passando por judaísmo, cristianismo e esoterismo. Na década de
70 ele passou 3 anos preso por ter se envolvido com uma garota de 13 anos. Ao
ser liberado, fundou a nação Nuwaubiana. Em 1980, ele finalmente abandonou a
doutrina islâmica para se dedicar ao Kemetismo (grupo de pessoas que decidiram
“ressuscitar” a religião dos antigos egípcios) e culto OVNI (sim, eles
acreditam que ETs são deuses). Chegou a ter 500 seguidores que viveram em
apartamentos dele no Brooklyn. Todos tinham que abdicar de suas vidas e bens
para seguir York.
York se autoproclamava um profeta, um messias, uma divindade
(às vezes extreterrestre), um verdadeiro faraó (é sério, ele dizia ser um) que
tinha o objetivo de salvar a humanidade. E qual era o mal a ser combatido?
Exatamente, os brancos!
Ele ainda dizia que:
“Caucasianos não são os escolhidos para liderar o mundo.
Eles não tem emoções verdadeiras em sua criação. Sabemos que não podem ser
pacíficos. Foram criados para serem assassinos, com baixos níveis de reprodução
e curto período de vida.”
Para eles, a pele mais clara era resultado da lepra. Alguns
membros acreditavam que um grupo seleto seria enviado para uma espaçonave para
ser salvo.
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York |
O Nuwaubianismo também pregava que brancos são descendentes
de Caim, que aliás na Bíblia era o nome dado aos filhos albinos de Adão e Eva. Os
negros? Bem, segundo York eram os verdadeiros descendentes dos grandes egípcios
e que eles tinham migrado da África e dominado as américas muito antes da
colonização, portanto todo aquele território lhes pertencia. Na verdade eles
tinham um grande apreço pelas leis e estilo de vida americano, declarando que
os Estados Unidos eram a terra perfeita para a seita deles.
Eles desenvolveram uma linguagem própria com direito a
alfabeto e nova linguística. Tinham até uma bandeira própria.
Mas nem tudo eram flores. York mantinha a ordem com regras
rígidas. Era ele quem escolhia com quem alguém se envolveria e sexo era um
privilégio apenas de quem batia as metas de divulgação da seita e vendas de produtos
como incenso. Havia uma segregação por gênero também, mas York era o único que
podia conviver dos dois lados, inclusive ter relações sexuais com qualquer
mulher que quisesse. É claro que não demorou para que garotas menores de idade
engravidassem dele.
Na década seguinte, o culto se mudou para a Georgia, onde um
templo com tema do antigo Egito foi levantado e chamado de Tama-Re. York chegou
a comprar uma mansão de mais de 500 mil dólares e seus seguidores moravam em
trailers ao redor. Acredita-se que já naquela época o FBI os investigava por
denúncias de incêndio criminoso, fraude assistencial e posse ilegal de armas.
Então basicamente eles meio que fugiram. O lugar era mantido pela venda de
incensos, livros e livretos em lojas chamadas “Tabernáculos sagrados” em várias
cidades americanas, mas na década de 90 foi fundado o “Club Ramses”, uma boate
que ficava dentro de uma das pirâmides de Tama-Re.
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Tama-Re |
Apesar de tudo, inicialmente a comunidade era “tolerável”,
como classificavam as autoridades locais. Em pouco tempo, e depois de
distribuírem uns panfletos que denegriam os brancos afim de proclamar a
supremacia racial negra, as coisas ficaram mais tensas. Em 98 tudo desabou
quando a boate foi fechada pela polícia. Ameaças de morte às autoridades eram
constantes, artigos caluniosos eram publicados e os membros armavam cenários de
horror ao deixar carcaças de cachorros mortos na casa do advogado da cidade.
Eles também faziam paradas para provocar os brancos.
Eles chegaram a apelar a ativistas nacionais por ajuda, pois
se diziam ser perseguidos. Ele também chegou a fazer campanha de membros para a
política pelo Partido Repulicano, mas todos perderam.
York foi acusado de ter abusado sexualmente de menores de
idade, de ter criado uma espécie de tráfico de menores para fins sexuais e de
ter praticado extorsão. Um de seus filhos mais velhos que fugiu do complexo em
1990, Jacob York, cooperou com as autoridades para que pudessem prender seu
pai.
Em 2002, o FBI e a ATF realizaram uma operação nas
propriedades de York, culminando na prisão dele e de sua esposa mais confiável,
a Kathy Johnson. Em 2004 ele foi julgado e sentenciado a 135 anos de prisão.
Tama-Re foi vendida e os novos donos demoliram toda a estrutura. Sabendo dos
crimes de York, a grande maioria dos membros saiu da seita, mas alguns grupos
menores permaneceram.
E se você acha que York finalmente sossegou, pense de novo!
Ele foi acusado de incitar o ódio contra guardas brancos na prisão,
principalmente através da doutrinação do Nuwaubianismo entre os prisioneiros
negros.